26 de julho de 2005

Eu peço
Pai do céu pai do cosmos
Mãe de mim mãe dos céus
Perdoa essa propriedade toda
Esse jeito que em mim reside, de contadora de histórias imbatíveis
Esse tom de voz professoral
Essa energia que permeia meu ser, de dona do texto
Perdoa mãe
Perdoa natureza
Sou apenas uma menina tagarela, que ainda não sabe ser mulher
Sou o resumo dos meus erros e acertos, a insegurança do meu ego tímido;
Sou essa incrédula cigana teimosa
Zombeteira do bem
Não acredito, a princípio.
Afinal, o circo dos egos é mortal e inegável
Levei 30 anos para acreditar que é verdade: a vida é política.
Para quem consome poesia, isso dói.
Arde.


Perdão, amigos e amigas.
Muito digo e pouco faço.
Tudo muda o tempo todo, mas o falastrão é assim, um poço de idéias, um provocante orador – sem casa própria.
Mais vale, meu Deus, ser uma humilde calada, não questionar tanto e construir um algo que seja. Qualquer coisa. Algo tridimensional que não evapore no tempo como o texto.
Perdão irmãos e irmãs.
Nunca tive o intuito de impressionar.
De fato enlouqueço fácil, meu temperamento transforma-se de acordo com o assunto. E nunca mudei nada no mundo. Sou intensa e efêmera...?
Canto falo escrevo.
E falo tanto que canso.

Estudar essa oralidade incontrolável...
Humildemente dominar.
E até lá, piedade.
Minha glória e crime residem em minha boca.