14 de outubro de 2008

dona antônia de queiroz, sem número.




uma criança foi lançada, como um cometa, do céu.
em direção ao chão.
uma criança, contra o chão, produziu um barulho absurdamente seco e poderoso.

a criança ali, no chão. 12:30. caiu do prédio. no meio da rua. caiu do céu...sem véu. de rosa. ela vestia rosa.

eu não queria ter essas informações. nem cinéticas, nem épicas, nem bestas. tudo besta...eta vida besta, dizia o Poeta...

meu corpo não podia digerir aquela informação.


a divina comédia.

ou a tragédia divina?

a sina do olhar, numa sociedade cheia, pós-lotada, contemporânea e rudimentar a um só tempo.

a morte e o movimento.

o deus nos acuda, a liberdade estética, a demência política, a sinestesia artística, as vanguardas religiosas, os deuses, os semi-deuses, todos aqui e agora; a vida cibernética, a ética, os sonhos de todos os que se mexem, e dos que não, a vida acontecendo urbana, suburbana, desumana.

a menina de rosa caiu...
de altos andares.
não gritou.
o seu não-grito me socou.

nao houve grito.
parece que houve rito...

uma menina, que vestia um moleton rosa.

a menina, a menina-mulher, voou.

3 de outubro de 2008



vem metade
te olha no meu olho
é só me dar a mão

vem beldade
sai do pedestal...sai da tua idade
acorda
o tempo é outro
não temos tempo de fingir

sai da cidade
vem pro pequeno
do coração

a eternidade.


Eu saí da minha terra / Por ter sina viageira
Cum dois meses de viagem / Eu vivi uma vida inteira
Saí bravo, cheguei manso / Macho da mesma maneira
Estrada foi boa mestra / Me deu lição verdadeira
Coragem num tá no grito / E nem riqueza na algibeira
E os pecado de domingo / Quem paga é segunda-feira

anônimo