8 de dezembro de 2010

sem a fúria dos objetos

sem a fúria de nada
de ninguém
sem a fúria da vida
sem a loucura da competição
sem regra
sem tortura
sem nonsense

semente

2 de setembro de 2010

abuso de poder é veneno
qualquer abuso é podre

matar alguém com uma arma é crime
matar alguém psicologicamente é crime
matar o amor é crime
matar o direito é crime

fingir que vida é só luz é ignorância
confundir espiritualidade com cegueira mental é opção
reduzir o mundo a uma única dimensão é crime

abuso de estupidez é crime

sofisticar máscaras pode parecer evolução
mas para ser
não basta parecer

a verdade essencial não é para muitos 
não tem receita fixa
e não é absoluta 

7 de julho de 2010

a zona de conforto é o espaço perfeito para a involução.
o lugar da estagnação.
o endereço para a morte dos sentidos.
o ponto imutável.
a zona mais propícia para se morrer vivo.

1 de julho de 2010

num grito de libertação
com uma propriedade nunca antes sentida
saí nua pelas ruas onde vivo
onde morro
nua.

livre de qualquer pudor, vergonha ou moral,
feito um animal,
corri da desgraça, para a luz.

em êxtase sui generis, me despedindo da vida, daquela vida que havia vivido até ali, nua, em pleno dia, morria.
ria compulsivamente, aí chorava histericamente; babava muito, suava e derretia, com olhos amarelos de bilirrubina.
deformada, solitária, extraditada da minha organicidade, em transe psico químico mental metal metafísico, total, sentia contato com o que chamo de verdade.
como um vulcão desperto, explodi em multi meios, sem freios, sem receios.
toda as ilusões que me constituíam, milhões delas, feito órgãos, feito sangue, feito gente que achei que amava e que me amava, feito pseudo amor; projeções tão concretas quanto montanhas, ou esgotos, implodiram dentro de mim, e dei o grito mais estridente, não melódico, desesperado, libertador e raro. vomitei em som.
na não-linearidade renasço.
sangue cigano é meu passo.
expandi na velocidade da luz.
os céus se fecharam, o sol se multiplicou. vi o que vejo quando desperta, quando alerta, sem ruídos, sem definições.
todas as formas ruíram, na doce sinfonia dos sentidos.
tudo o que acreditava era nada.
a seiva da existência, simples e rudimentar, sofisticada e estelar, me levou.
nua, diante da rua e da lua, da sociedade, da máxima dor e do pleno gozo, abri os braços e morri.
amarela, verde, roxa, sangrei toda a dor que até aqui guardava como se fosse tesouro. dissipei o veneno que habitava em mim, murchei numa grama qualquer, e ouvi o silêncio do começo dos tempos.

dentro de mim meu Mestre.
e cegada pelo brilho da visão, desmaiei, inebriada de lucidez.

lúdica, corri por entre tantas ruas, sorri para tantas almas, mesmo as mais medíocres e pequenas; joguei fora todas as amarras, cuspi na matéria, saudei a insanidade, comi flores e poemas, vi que a vida é muito além do que sonha nossa vã realidade. nossas vãs idades.

renasço da morte do jogo.

pobre daqueles que seguirão suas existências escravos de seus sentidos, na mediocridade da carne. o ensaio sobre a cegueira não é mais ensaio. está em cartaz. em todo canto do mundo.

agora nua com o sonho real,
busco meu capital particular.
não há mais o que esconder. 
não há mais tempo a perder. 
cada segundo vale vida. cada perda de tempo não vale a perda.
é merda.

18 de junho de 2010

near death experience

to live is to love. or to hate.
to be is to want, or to want not.

as it says in a religious song that i love:
my brother is my light in this world of illusion.

any love is some love.

my body is broken.
i can fix it. if i love.



love is life.
hate is death.

that me and millions of others still don´t grasp in this human circus.




i will learn if i concentrate.

12 de maio de 2010

vazio

no silêncio das entranhas
reside todo o mistério.
nos mistérios da carne, se desvela a vida.
a respiração é o maior mistério da existência contemporânea.

27 de abril de 2010

se fico ou se vou
nao sei
estou

se olho ou se envesgo
não importa
sigo os sentidos que me guiam nesse mundo de meu deus

sonho com a verdade
embora seja a própria palavra
inédita
rara
sutil

estou aqui
agora só isso sei.

e que és meu anjo.
és meu anjo.

24 de abril de 2010




aqui neste lugar
tudo arde fere ataca mostra revela grita
aqui
tudo pica morde sangra agita
nada pára nada acalma
nada fica

estou tonta de tanto viver
ou de tanto morrer?
estou viva de tanto tentar
sobrevivo lentamente em ritmo sinuoso
em formas não aceitas
de maneiras confusas e errôneas
mas não sei melhor

aqui neste ponto tempo do mundo
sinto meu corpo anestesiado
ou como se tivesse apanhado
de tanto ver sentir ser buscar observar julgar sofrer
vôo por entre sonhos
e temo não voltar

seja loucura, seja lucidez, seja covardia, seja doença
seja ausência, falta de maturidade, desespero, falta de paciência
seja demência, seja excesso
assim está.

nem por isso desistirei.
nem por isso acreditarei na miséria humana.
nem por isso abrirei mão de acreditar nos anjos que aqui e ali me visitam.

há deus
há arte
há ar
ainda há mundo.

"...qualquer coisa que se sinta
tem tanto sentimento deve ter algum que sirva..."

29 de janeiro de 2010



Por que não podem ser humanos com todos?
POR
QUE
NÃO
PODEM
SER HUMANOS COM TODOS?

Porque não podem ser humanos com todos.
Porque NÃO podem ser humanos com todos.

Não podem ser HUMANOS.
NÃO podem ser humanos...

Por que não podem?
Ser HUMANOS.

porque não podem ser humanos - com todos.

9 de janeiro de 2010

o estrelato do ego não me assusta.
degusto os tantos egos e desegos que rolam por aí.
me divirto com a guerra competitiva pequena e afoita das verdades...
tantos delírios!
e agradeço, secretamente, não sentir a força do dinheiro e do excesso de auto-amor nas minhas veias.

4 de janeiro de 2010



aprendo a amar
enquanto te amo
enquanto estudo esse tudo que representamos
não é simples
entender os detalhes, o incondicional, o transpessoal, o extra mental
aprendo a amar enquanto sobrevivo no circo dos homens, esse caos belo e sinistro que foi criado
sair dos chavões, esquecer os limites idiotas que a cultura nos impõe
amar como quem dá a luz
como quem voa além mar
além cosmos
no sentido puro que essa palavra possa invocar

a cura para o mundo é amor e alimentação
o resto é papo