eu canto porque sou eterna
terráquea e pássara
eu canto porque tantos já cantaram
e tantos outros eternamente cantarão
cantar a vida - essa necessidade fisiológica do poeta
eu canto como ando como como
canto porque minha vida é essa
observar com os sentidos
voar por entre mentes
abrir as portas todas, arremessar cadeados, pintar as ruas, libertar aquele que não sorri, ou aquele que não pensa - ou aquele que pensa em excesso e assim, enlouquece; sensibilizar os duros, os cheios de verdades emburrecidas, fedidas, apodrecidas, tombadas, azedas, validadas; cutucar os mortos de fome de vida, os mortos em vida
(sentir-me brutalmente burra, e brutalmente genial)
canto porque como vocábulos
anseio letras
respiro reflexões, poetas, filósofos
são meu alento
meu sustento
a caneta é a ponte
o coração é o suporte
o amor é a fonte
canto porque o mundo me encanta
as coisas castigadas, condenadas e pouco óbvias
e todas as óbvias
e as sem-nome
as sem-cor
eternamente cantando
com uma caneta.
só assim acesso o oxigênio.
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