25 de julho de 2006

eu canto porque sou eterna
terráquea e pássara
eu canto porque tantos muitos já cantaram
e tantos outros eternamente cantarão

cantar a vida - essa necessidade fisiológica do poeta

eu canto como ando como como
canto porque minha vida é essa

observar com os eternos sentidos humanos

voar por entre mentes
abrir as portas todas, arremessar cadeados, pintar as ruas, libertar aquele que não sorri, ou aquele que não pensa, sentir-me brutalmente burra, e brutalmente genial

canto porque como
meu alento
meu sustento

a caneta é a ponte ao trono imperial

o amor é a canção cósmica
a poesia do Tao



canto porque o mundo me encanta
as coisas castigadas, condenadas e pouco óbvias
e todas as óbvias
e as sem-nome
as sem-cor

eternamente cantando
na caneta.

1 de julho de 2006

cor-ação

coração
célula mater
um

bomba, bomba, bomba
meu amado amigo vermelho
mucoso inquieto grandioso pequeno

agradeço ao invisível a tua saúde
a tua tristeza, inquietude e resistência
tua ciência silenciosa fenomenológica intrínseca
tua genética boa

bomba, central vermelha de todos os tons!

inspira minha existência carnal
irriga minha loucura salutar
amplia meus sonhos aquáticos
abre minha visão

bomba, pequeno irmão!

joga meus pés e minhas mãos no futuro-agora
carrega minha cabeça gorda
em direção ao teu batuque harmônico

ritmiza meu não-ritmo
ensina as outras vísceras a entrarem no batuque bom

de coraçao para cor-ação

palpita que é bom!